José Manuel Moran*
Numa sociedade cada vez mais conectada, ensinar e aprender podem ser feitos de forma muito mais flexível, ativa e focada no ritmo de cada um. As tecnologias móveis desafiam as instituições a sair do ensino tradicional em que o professor é o centro, para uma aprendizagem mais participativa e integrada, com momentos presenciais e outros a distância, mantendo vínculos pessoais e afetivos, estando juntos virtualmente. Podemos ir menos dias à universidade e continuar aprendendo de forma significativa. Isso implica em ampliar a restrição dos vinte por cento a distância nos cursos presenciais, em mudar o currículo presencial, as metodologias de organização do ensinar e aprender (também no ensino médio). Os cursos serão cada vez mais semi-presenciai e a distância, mas sempre com tecnologias em rede leves e móveis.
As tecnologias digitais facilitam a pesquisa, a comunicação e a divulgação em rede. Temos as tecnologias mais organizadas, como os ambientes virtuais de aprendizagem – como o Moodle e semelhantes– que permitem que tenhamos um certo controle de quem acessa ao ambiente e do que precisa fazer em cada etapa de cada curso. Além desses ambientes mais formais, há um conjunto de tecnologias, que denominamos popularmente de 2.0, mais abertas, fáceis, gratuitas (blogs, podcasts, wikis...) , onde os alunos podem ser protagonistas dos seus processos de aprendizagem e que facilitam a aprendizagem horizontal, isto é, dos alunos entre si, das pessoas em redes de interesse, etc. A combinação dos ambientes mais formais com os informais, feito de forma integrada, nos permite a necessária organização dos processos com a flexibilidade da adaptação à cada aluno.
Todos os processos se digitalizam, tanto os administrativos como os pedagógicos, tudo se integra com tudo, tudo e todos podem falar com todos. Isso agiliza a tomada de decisões, permite a horizontalização de processos de envolvimento de todos, diminui a burocracia, torna as estruturas físicas mais compactas e as acadêmicas mais leves. Nos mesmos prédios podemos colocar muitos mais alunos, porque pode ser programada uma maior rotatividade de ocupação de espaços, uma diminuição de tempos necessários de estarmos todos juntos nos mesmos lugares e tempos. Precisamos tornar a organização curricular mais semipresencial e flexível, com metodologias mais centradas nos alunos, na colaboração e na adequação a ritmos de aprendizagem diferentes.
Tudo isso exige mudanças organizacionais e legais profundas, que até agora não foram encaradas de verdade tanto pelos legisladores, pelos órgãos educacionais reguladores como pelos mantenedores e gestores educacionais. Essas mudanças profundas ainda estão só no começo e nos desafiam a todos a sermos cada vez mais criativos e empreendedores.
*José Manuel Moran é Diretor do Centro de Educação a Distância da Universidade Unianhanguera Uniderp. Professor de Comunicação na USP (aposentado) e especialista em inovações na educação presencial e a distância.
Fonte: Educação Humanista Inovadora
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