A discussão, que mais uma vez contou
com a participação efetiva e pertinente de diversos alunos, teve como estopim o
documentário Pro Dia Nascer Feliz,
do premiado diretor João Jardim, o mesmo que estreou em 2002 com “Janela da
alma” e co-dirigiu “Lixo extraordinário”, com o qual foi indicado ao Oscar em
2011.
Em Pro Dia Nascer Feliz João faz um retrato da educação brasileira, ou
melhor, uma radiografia, que revela o colapso do nosso sistema educacional e os
sérios problemas que as escolas públicas enfrentam. A partir de depoimentos de
alunos, pais e professores em três cidades brasileiras – Pernambuco, Rio de
Janeiro e São Paulo – o documentário faz um panorama da desigualdade por meio
do contraste entre escolas desestruturadas com professores desmotivados e escolas
com estruturas modernas e melhores condições de trabalho. João Jardim esboça assim
um perfil dos jovens de 13 a 17 anos, com seus sonhos e frustrações, diante de
uma realidade social que, para uns, limita completamente, enquanto para outros
expande horizontes e possibilidades. Pro
Dia Nascer Feliz evidencia como a desigualdade social, a pobreza e a
violência, quando aliadas à má administração dos recursos públicos destinados à
escola, podem destruir as expectativas de inúmeros estudantes brasileiros.
A partir do documentário, os
alunos expuseram os problemas enfrentados por eles no Colégio Manoel Messias
Feitosa e se identificaram com a realidade do filme a que assistiram. Um deles
ressaltou o problema do transporte escolar, que, muitas vezes, é o que motiva a
ausência de alunos residentes na zona rural; enfatizou ainda a precariedade da
estrutura da escola, cuja reforma inacabada vem se arrastando há vários anos,
falou até do desinteresse dos próprios alunos e das faltas de alguns
professores.
O clima de reflexão permitiu aos
professores a abordagem de alguns temas transversais relevantes como a segregação,
discutida pelo professor Luciano
Oliveira, a motivação, ressaltada pela professora Cristina Oliveira, e a importância de se realizarem atividades
diferenciadas na escola, discutida pelo Professor Janderson Paixão. A propósito disso, tomei a palavra para chamar a
atenção para a importância das práticas de letramento literário e de atividades
culturais que possibilitem novos olhares e despertem o senso crítico dos
alunos, abrindo outras perspectivas para sua realidade.
Finalmente, para encerrar as
atividades da noite, em clima de Enem, os professores solicitaram que os alunos
produzissem uma dissertação sobre os problemas da realidade educacional
brasileira, ressaltados no documentário, e apontassem possibilidades de solução.
O projeto Cine Cult Manoel, que propõe o uso do cinema como recurso
pedagógico para uma abordagem mais ampla dos temas transversais, vem mostrando
resultados positivos e está se revelando
uma boa alternativa para potencializar as possibilidades de aprendizagem,
reflexão, lazer e enriquecimento cultural do nosso aluno.
Jorge Henrique Vieira
Santos
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