*Prof. Rivaldo Sávio de Jesus Lima
Recentemente a UFS festejou seus 44 anos de sua
existência, vivenciada pela comunidade acadêmica com muita emoção. Tal data me fez
lembrar das suas lutas, dificuldades e vitórias, estruturando assim, a sua trajetória
que é parte importante da história do povo sergipano. Mas ao refletirmos sobre
essa valorosa instituição educacional superior inevitavelmente lembramos que se
trata da única universidade pública Sergipana. Aliás, vale ressaltar, que
Sergipe é o único Estado nordestino (e um dos poucos no Brasil) que não tem uma
universidade pública estadual.
Sabemos que o Governo (da gestão Lula para cá) vem
implementando uma política de expansão das universidades federais, tanto através
do REUNI, que ampliou quase que instanteneamente suas vagas (inclusive através
das cotas sociais e raciais) e do PROUNI, projeto no qual o Governo Federal
“compra” vagas em universidades particulares para colocar alunos carentes, que
mais tarde pagarão os seus estudos. Em outras palavras, investe-se muito
dinheiro em instituições não públicas. Dessa feita, a UFS e outras federais,
sob os auspícios da política expansionista do Governo Lula ampliou sua atuação
em Sergipe, abrindo novos campi nas cidades de Itabaiana, Laranjeiras e
recentemente em Lagarto.
É claro,
que em sã consciência ninguém é contra ao crescimento da UFS, porém, reflete-se
sobre como tal crescimento se estabeleceu, ou seja, sem um planejamento melhor
estruturado e pautado nas reais necessidades dos membros da instituição e da
sociedade sergipana. Tanto estudiosos da educação, como os da administração
pública apontam que os gestores federais não dimensionaram corretamente as
prioritárias necessidades da universidade como um todo. Por exemplo, não houve uma
contratação mais ampla de professores e técnicos administrativos em número
suficiente para atender a massa atual de cerca de mais de 20 mil alunos da UFS,
além de outras demandas materiais fundamentais para o bom funcionamento da instituição
e, evidentemente para uma melhor qualidade no ensino, pesquisa e extensão.
Diante desse quadro, nos questionamos mais uma vez
do por que não buscarmos em Sergipe uma nova vertente para a ampliação do
ensino superior público, gratuito e de qualidade? Uma nova universidade de
caráter estadual, implantada em algum município promissor do interior do Estado
e que pudesse desenvolver a produção de conhecimento voltando-se para um perfil
transformador do aluno e da sociedade, e que trabalharia de forma criativa em algumas
áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento sócioeconômico do
Estado. Tal universidade, que poderia ser denominada UESE (Universidade do
Estado de Sergipe) abriria outra frente de vagas para a educação superior,
buscaria parcerias e fomentos com a UFS, com o MEC (CAPES), com o próprio
Estado, com outros Estados da União, e também com a iniciativa privada para
ampliar a ação governamental e o desenvolvimento do nosso Estado.
Aliás, vale lembrar, por ser Sergipe um dos
menores Estados do Brasil, repleto de riquezas no seu território e no seu
litoral, deveria (em termos de gestão pública) ser um Estado modelo de
qualidade de vida, especialmente no âmbito da educação.
A UFS poderia colaborar diretamente na criação da
UESE, não colocaria para tanto nenhum centavo de suas verbas na criação da nova
universidade. Ao contrário, seria á Universidade Federal quem primeiro “lucraria”
com a criação dessa nova instituição voltada para o saber e o conhecimento, na
medida em que pode hoje formar os futuros quadros de docentes e técnicos
administrativos desta nova instituição de ensino. Á UFS, nessa parceria,
caberia ainda planejar todo processo administrativo e pedagógico da nova
universidade, dentro de uma filosofia inclusiva em termos sócio-culturais.
Com isso, o Governo do Estado entraria para a
história e assim, poderia de fato se vangloriar com suas propagandas bem
elaboradas, pois teria uma proposta realmente sua de interiorização de medidas
sócioeducacionais e produtivas, pois geraria riquezas e bem estar para nossa
população mais carente.
* Professor Doutor em Psicologia da Educação da
UFS, membro do Conselho de Ensino e Pesquisa (CONEPE) da UFS e membro do Núcleo
de Estudos Interdisciplinares em Administração Pública – NEIAP da UFS.
Lembro mim que quando João Alves estava governador pela 3ª vez o deputado Federal Pastor Heleno cobrava frequentemente do governo do estado na Radio Xingo FM de Canindé a criação de uma universidade estadual , resultado o partido de pastor Heleno chegou ao poder a mais de 5 anos ele esqueceu o assunto.
ResponderExcluirPedro,
ExcluirÉ lamentável, mas o perfil dos políticos que temos é sempre esse. Quando são oposição, apontam e apóiam as medidas necessárias ao benefício da população. Quando chegam à situação, esquecem suas promessas e se empenham apenas em permanecer no poder. Na política sergipana parece que não há projetos, nem de curto nem de longo prazo, apenas busca e manutenção de privilégios.