Olá, amigos, publicaremos também neste espaço alguns artigos de opinião produzidos pelos alunos do Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa, em Nossa Senhora da Glória - SE. Esses artigos foram elaborados por ocasião das oficinas da Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro", edição de 2014. Vamos ao primeiro deles:
PONTO DE VISTA
PEQUENAS, PORÉM VALIOSAS
Moro numa pequena cidade do interior de Sergipe que tem crescido muito nos últimos anos. Nossa senhora da Glória localiza-se no alto sertão sergipano. Atualmente, a capitão do sertão, como é conhecida, possui uma população de pouco mais de 34 mil habitantes.
Com sua economia baseada na agropecuária, minha cidade conta com quatro indústrias de leite e, além disso, várias fabriquetas de base familiar espalhadas por todo seu território. Sem dúvidas, cada uma carrega um pouco da história do nosso município.
É justamente sobre essas fabriquetas que discutirei. É delas que várias famílias tiram seu sustento, mas nos últimos dias o risco de serem fechadas está tirando o sono daqueles que lutam arduamente para garantir o pão de cada dia, provavelmente por não saberem como ficarão suas famílias, caso sejam impedidos de fabricar e de vender o queijo coalho, por sinal, muito apreciado na região.
De um lado estão “os grandes”, afirmando que os produtos oriundos das fabriquetas trazem malefícios à saúde do consumidor por serem feitos sem o devido cuidado com a higiene, ou dizem que elas atrapalham as indústrias, impedindo-as de crescer como deveriam e de levar o nome do nosso município para fora do estado. Do outro lado estão “os pequenos”, que lutam por sua sobrevivência, contribuindo para que a nossa cultura sobreviva, através da preservação do modo tradicional de fabricação do queijo coalho, que vem sendo passado de geração para geração, tornando o município ainda mais conhecido justamente por esse produto lácteo.
Pessoalmente, acho que os malefícios que podem ser causados à saúde do consumidor são mínimos, já que são provenientes de bactérias vindas do modo rústico de fabricação, comparados aos produtos químicos utilizados por algumas indústrias. Sem esquecer que o crescimento das indústrias é algo indiscutível, e, consequentemente, o nome da nossa cidade cresce junto com elas. As fabriquetas não impedem esse crescimento, já que seus produtos são vendidos apenas nas redondezas dos povoados onde estão localizadas, ou na feira livre do nosso município.
Ao invés de fechá-las e de impedir que o cansado homem do campo leve alegria para sua casa, através do alimento posto em sua mesa, o governo deveria investir em palestras e cursos para ensiná-los como fazer o beneficiamento do leite da maneira correta, tomando os devidos cuidados desde o rebanho até a produção, e fazendo tudo de maneira limpa, higiênica, tanto das pessoas que trabalham quanto do local onde são fabricados os queijos, assim como dos utensílios utilizados nessa fabricação.
Incentivar o funcionamento das fabriquetas é cultivar a nossa cultura, uma vez que a produção é toda de maneira artesanal, a mão de obra é de base familiar, e o modo de fabricação é passado de pai para filho.
Sou totalmente a favor do funcionamento das fabriquetas e incentivo a produção do nosso queijo coalho, que representa a marca da nossa cidade. Estimulá-las é resgatar e preservar a nossa cultura local.
Essas fabriquetas, sem dúvidas, fazem sobreviver em nosso município os agricultores familiares, através da comercialização desses produtos. Seus consumidores pertencem às mais variadas classes sociais. Observa-se que muitos deles, ao provarem o nosso queijo coalho, fazem reviver velhas lembranças, por exemplo, de seus avós, e isso estabelece traços de uma identidade cultural.
É notório que essas fabriquetas detêm um grande valor social, cultural e econômico. Enfim, é preciso preservá-las, e à nossa cultura, apoiando seu funcionamento, já que vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico, que tem deixado de lado aquilo que aprendemos com nossos avós.
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