segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Bom dia, eu sou o ENEM!

Caríssimos pais,

Meu nome é ENEM, sou o novo vestibular. Nasci em 1998 e estou crescidinho.

Sou fruto de muito estudo. Fui concebido como alternativa ao método tradicional de ensino: sou o primogênito da família Piaget.

Agora, eu estou tentando humanizar a educação brasileira, desrrobotizar seus filhos e filhas. Eu quero que eles aprendam a aprender, gostem de escola e de estudar. Eu não gosto de ver tristeza na escola, muito menos medo de prova. Quero mais leveza e menos rigorismo. Por isso carrego propostas diferentes das tradicionais. 

Eu quero ensinar meus alunos e alunas a analisar informações, formular ideias e chegar a conclusões próprias, sem imitar as dos outros. Quero ajudá-los a entender a vida e as coisas da vida, quero que eles descubram sozinhos a riqueza do conhecimento. Quero que eles sejam capazes de caminhar com pernas próprias, de descobrir o próprio talento e valorizar o dos outros.

Quero resgatar o valor da arte, quero que eles vivam a arte da vida. Quero que eles sejam conscientes de si e do mundo, que eles respeitem a si e ao próximo. Quero alçá-los à condição plena de vida.

Quero preencher de sabedoria o vazio que está cheio de droga. Droga de todo tipo. Por isso meu programa é diferente. Eu sou capaz de aceitar as várias habilidades que são dadas aos seus filhos e filhas, e de exercitá-las até que brotem boas flores e bons frutos.
O corpo fala e não mente. Por isso quero resgatar a importância da educação física, do corpo-expressão-saúde. Quero ensiná-los a importância da postura, da inteligência corporal. E da boa nutrição, da escolha acertada dos alimentos. Quero deixá-los preparados para a epopeia da vida.

Eu proponho mudanças na base da educação, na base do ensinar-aprender. Se a educação no Brasil precisa mudar, o protagonista é a criança, e isso passa inevitavelmente pela figura do educador. Então, peço a compreensão de vocês, pais e professores.

O primeiro passo é mudar a “sala” de aula. Eu proponho que o professor leve, ou melhor, volte a levar, os alunos e alunas ao jardim, ao parque e à floresta, ou ao circo, ao teatro e à apresentação de rua, para apreender-lhes a riqueza biológica, físico-química, matemática, histórica, cultural, sociológica, ambiental, étnica, poética. E - porque não? - filosófica. Eu quero desmistificar a filosofia. Eu quero que os alunos entendam que o ponto de vista é o xis da questão, que a verdade é plural. 

Eles não aguentam mais o palavreado de cientista. Fora do laboratório, eu os deixo livres para “apelidar” as coisas e os fenômenos que lhes aparecem à fronte. E, fascinadas, compreenderão as diferenças culturais e étnicas, serão tolerantes às várias religiões e cultos, e verão a vida com mais poesia. 

Eu quero ver menos adolescentes confusos e psicologicamente debilitados. Quero ajudá-los a realizar sonhos. O Brasil, agradeçamos, é rico demais e precisa do talento de todos.

A meninada não quer saber o que é uma oração subordinada substantiva concessiva, muito menos identificar o objeto direto pleonástico da frase. Ela quer condições de se comunicar bem - ler, falar e escrever melhor. 

Eu quero formar pessoas conscientes de si e do mundo, cidadãos e cidadãs sabedores de seus direitos e deveres. Quero que os alunos e alunas entendam melhor a importância da política na construção de um estado Justo. Por isso, tenham paciência comigo. Eu não sou mal. Não importa que partido político me colocou em cena, o que importa é que eu estou aqui para melhorar a educação brasileira. 

Mas o caminho é penoso, não é porque houve um pequeno vazamento de provas que eu não presto. Enfrentar os problemas do Brasil é tarefa homérica. No entanto, eu estou confiante, porque quando a intenção é boa o Destino ajuda.

Fico por aqui e espero vê-los satisfeitos comigo nos próximos anos.

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