Meu nome é ENEM, sou o novo vestibular. Nasci em 1998 e estou crescidinho.
Sou fruto de muito estudo. Fui concebido como alternativa ao método tradicional de ensino: sou o primogênito da família Piaget.
Agora,
eu estou tentando humanizar a educação brasileira, desrrobotizar seus
filhos e filhas. Eu quero que eles aprendam a aprender, gostem de escola
e de estudar. Eu não gosto de ver tristeza na escola, muito menos medo
de prova. Quero mais leveza e menos rigorismo. Por isso carrego
propostas diferentes das tradicionais.
Eu
quero ensinar meus alunos e alunas a analisar informações, formular
ideias e chegar a conclusões próprias, sem imitar as dos outros. Quero
ajudá-los a entender a vida e as coisas da vida, quero que eles
descubram sozinhos a riqueza do conhecimento. Quero que eles sejam
capazes de caminhar com pernas próprias, de descobrir o próprio talento e
valorizar o dos outros.
Quero
resgatar o valor da arte, quero que eles vivam a arte da vida. Quero
que eles sejam conscientes de si e do mundo, que eles respeitem a si e
ao próximo. Quero alçá-los à condição plena de vida.
Quero
preencher de sabedoria o vazio que está cheio de droga. Droga de todo
tipo. Por isso meu programa é diferente. Eu sou capaz de aceitar as
várias habilidades que são dadas aos seus filhos e filhas, e de
exercitá-las até que brotem boas flores e bons frutos.
O
corpo fala e não mente. Por isso quero resgatar a importância da
educação física, do corpo-expressão-saúde. Quero ensiná-los a
importância da postura, da inteligência corporal. E da boa nutrição, da
escolha acertada dos alimentos. Quero deixá-los preparados para a
epopeia da vida.
Eu
proponho mudanças na base da educação, na base do ensinar-aprender. Se a
educação no Brasil precisa mudar, o protagonista é a criança, e isso
passa inevitavelmente pela figura do educador. Então, peço a compreensão
de vocês, pais e professores.
O
primeiro passo é mudar a “sala” de aula. Eu proponho que o professor
leve, ou melhor, volte a levar, os alunos e alunas ao jardim, ao parque e
à floresta, ou ao circo, ao teatro e à apresentação de rua, para
apreender-lhes a riqueza biológica, físico-química, matemática,
histórica, cultural, sociológica, ambiental, étnica, poética. E - porque
não? - filosófica. Eu quero desmistificar a filosofia. Eu quero que os
alunos entendam que o ponto de vista é o xis da questão, que a verdade é
plural.
Eles não
aguentam mais o palavreado de cientista. Fora do laboratório, eu os
deixo livres para “apelidar” as coisas e os fenômenos que lhes aparecem à
fronte. E, fascinadas, compreenderão as diferenças culturais e étnicas,
serão tolerantes às várias religiões e cultos, e verão a vida com mais
poesia.
Eu quero ver
menos adolescentes confusos e psicologicamente debilitados. Quero
ajudá-los a realizar sonhos. O Brasil, agradeçamos, é rico demais e
precisa do talento de todos.
A
meninada não quer saber o que é uma oração subordinada substantiva
concessiva, muito menos identificar o objeto direto pleonástico da
frase. Ela quer condições de se comunicar bem - ler, falar e escrever
melhor.
Eu quero formar
pessoas conscientes de si e do mundo, cidadãos e cidadãs sabedores de
seus direitos e deveres. Quero que os alunos e alunas entendam melhor a
importância da política na construção de um estado Justo. Por isso,
tenham paciência comigo. Eu não sou mal. Não importa que partido
político me colocou em cena, o que importa é que eu estou aqui para
melhorar a educação brasileira.
Mas
o caminho é penoso, não é porque houve um pequeno vazamento de provas
que eu não presto. Enfrentar os problemas do Brasil é tarefa homérica.
No entanto, eu estou confiante, porque quando a intenção é boa o Destino
ajuda.
Fico por aqui e espero vê-los satisfeitos comigo nos próximos anos.
Fonte: Blog do Bartô
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