sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Privatizar a DESO Vale a Pena?

Olá, amigos, segue mais um artigo de opinião produzido por aluno do Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa, em Nossa Senhora da Glória - SE, por ocasião das oficinas da Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro", edição de 2016. Vamos ao artigo:

Privatizar a DESO Vale a Pena?


Moro em uma cidade de Sergipe chamada Nossa Senhora da Glória, mais conhecida como a Capital do Sertão, com pouco mais de 35 mil habitantes. Mesmo sendo situada em uma área com baixa pluviosidade, sua maior economia é derivada do campo, que faz o comércio crescer, gerando o desenvolvimento da cidade e da região.

A população do nosso município e, principalmente, do setor rural que,em sua maioria é de baixa renda, tem a necessidade de abastecimento de água. A companhia de saneamento de Sergipe (DESO) é quem faz esse abastecimento, assim renovando, a cada dia, a esperança do povo do sertão.

Porém essa esperança está próxima do fim devido a uma proposta do atual governador de Sergipe de federalizar a DESO e, posteriormente, privatizá-la em troca de uma dívida do Estado com o Governo Federal. A proposta foi encaminhada para a Assembleia Legislativa de Sergipe, motivada pelo projeto de Lei complementar (PLC) 257/2016, que tramita no Congresso Nacional, segundo o qual a união fica autorizada de transferir bens, direitos e participações acionárias em sociedades empresariais controladas por estados. Minha preocupação não é a federalização em si, mas sim, o que ela vai ocasionar depois.Existe a denúncia da provável privatização de um bem público. Sem dúvida, essa não é a melhor saída para o estado, nem para a DESO.

Nesse sentido, os que são contrários à proposta alegam a perda de direito, tanto para os servidores que ficarão desempregados, como também para as famílias atingidas, que relatam o possível aumento da tarifa e a não assistênciaem lugares remotos.

Os que são a favor relatam que a companhia não vem prestando seu papel de forma satisfatória. Como exemplos disso, temos a falta de água frequente e a coloração da água que chega às torneiras. Épossível que a privatização melhore bastante a qualidade do serviço, pois quando a Companhia de Energia de Sergipe (a antiga ENERGIPE, atual ENERGISA) foi privatizada, isso aconteceu.

Os trabalhadores da DESO, mesmo sendo contra a federalização e confirmando a denúncia de privatização, não negam a existência de um sucateamento cada vez mais frequente. Primeiro, porque há escassez de material para ser realizada uma simples ligação de água. Além disso, muitas vezes não conseguem desempenhar o trabalho com eficiência, porque também às vezes faltam equipamentos de proteção individual (EPI).

A princípio, fiquei feliz com a notícia da federalização, pois, finalmente, a DESO teria seus problemas resolvidos, bem como a situação de seus servidores. Mas, infelizmente, após saber o real motivo, não creio que esse processo seja viável ou benéfico para o estado de Sergipe.

Primeiramente, a DESO é uma empresa mista, com 99% do capital nas mãos do estado de Sergipe,logo, é uma empresa pública que tem o papel de manter a divisão dos recursos para o povo, para os trabalhadores. Então, a partir do momento que privatiza, retrocede o processo histórico que vem de conquistas para a sociedade brasileira em geral.

Em segundo lugar, como a água é um líquido precioso e insubstituível e como só temos 2% de água doce no planeta, existe interesse de as grandes empresas se apossarem desse monopólio para usufruir da comercialização. De acordo com a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), água e saneamento fazem parte dos direitos fundamentais do homem. Só isso justificaria a não venda desse setor.
Além disso, o presidente do sindicato dos trabalhadores de água e esgoto de Sergipe (Sindisan), José Sérgio Passos, chamou a atenção da sociedade para a tarifa social da DESO, que atualmente é de R$ 27,50. Segundo estudos realizados, uma família composta por quatro pessoas que consegue viver com 10m3 de água por mês paga apenas o preço de tarifa. Entretanto, se a empresa for privatizada, essa tarifa com certeza terá um acréscimo grande. Percebemos como sofremos com a tarifa de energia elétrica, depois que a Energisa foi privatizada.

Ademais, quando se privatiza o setor elétrico e o setor de saneamento, é como se os rios também fossem destinados ao uso privado, e são riquezas muito mais valiosas que qualquer outra riqueza em cofres. É indiscutível que sua devida exploração deve sempre ter contrapartida destinada ao povo, logo, deve ficar nas mãos do Estado.

Assim, a manutenção da DESO como patrimônio público é contribuição direta para o crescimento econômico e social do estado de Sergipe, principalmente para as regiões mais desfavorecidas.

Em resumo, diante das circunstâncias difíceis que estamos vivendo, políticas e financeiras, com certeza a Assembleia Legislativa de Sergipe tem que analisar esse projeto, inclusive com a presença do próprio governador numa comissão especial, para que não venhamos a tomar nenhuma medida precipitada que amanhã se torne um grande problema contra o nosso estado.
Renisson Nascimento - 3º D

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Nós temos opinião

Olá, amigos, vamos publicar aqui alguns artigos de opinião produzidos por alunos do Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa, em Nossa Senhora da Glória - SE, por ocasião das oficinas da Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro", edição de 2016. Vamos ao primeiro deles:

PELOS DIREITOS DAS NOSSAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES


Minha cidade, Nossa Senhora da Glória, localizada na Região Noroeste do estado de Sergipe, possui uma população estimada de 35.000 habitantes e sua economia, atualmente, gira em torno da pecuária, da agricultura, de pequenas indústrias e do comércio, do qual faz parte a feira livre, que é a mais importante da região. E é nesse cenário que crianças e adolescentes são vistos, frequentemente, trabalhando, o que gera polêmica entre os cidadãos glorienses. Há os que são a favor, que acham isso natural, e os que são contra, que defendem os direitos desses jovens. 

Como moradora da cidade, posso afirmar que é extremamente comum chegar ao centro do comércio e se deparar com várias crianças e adolescentes, das mais diversas idades, trabalhando com carrinhos de mão, ou guiando carroças de burro lotadas de produtos em troca de ganhar alguns trocados. Os clientes que utilizam esses serviços acham, de forma errônea, que usufruindo deles estão contribuindo de forma positiva para essas crianças. Outros jovens são vistos trabalhando em bancas de feira e alguns andam pela cidade empurrando carrinhos, vendendo picolé. É importante ressaltar que essa é a parte mais visível do trabalho infantil, mas há também vários deles que fazem trabalhos domésticos, ou nas lavouras, na lida com gado, entre outros serviços, e que acabam ficando menos visíveis, mas sabemos que existem. Há dados de pesquisas que revelam que “Glória”, como é mais conhecida, está entre as cidades com maiores índices de trabalho infantil do estado. 

Para as pessoas que são a favor e não veem nenhum problema nesse tipo de trabalho, é melhor que eles estejam trabalhando do que na rua fazendo coisas erradas, além do fato de alguns ajudarem nas despesas da família com o lucro que obtém e porque muitos dizem trabalhar por opção. 

Porém, mesmo trabalhando, isso não muda o fato de estarem nas ruas, portanto não há garantia alguma de que não vão se envolver com coisas erradas, de que não vão conviver com más companhias, e de que não possam ser corrompidos de alguma forma. Quanto aos que ajudam no sustento da família, é claro que não podemos culpar os pais por, muitas vezes, não conseguirem uma renda suficiente, mas também não se pode jogar esse tipo de responsabilidade para jovens que estão apenas começando a vida, e cuja única preocupação deveria ser com os estudos. Sobre os que dizem que trabalham porque querem, em minha opinião, afirmam isso porque não têm outras oportunidades, outras ocupações, e porque muitos não se sentem atraídos pela escola, pela forma com que o ensino é aplicado. 

Por isso, assim como muitas outros glorienses, sou contra esse tipo de trabalho, pois essas crianças e adolescentes é que estão sendo prejudicados tanto no presente, quanto futuramente. Desde sempre perdem os direitos, direito à saúde, ao lazer, à educação, à cultura, à dignidade, ao respeito, ou seja, direito de ser criança, de ser adolescente. 

Sem dúvidas, podemos constatar que esses jovens que deixam de estudar, ou não têm um bom rendimento escolar em função do trabalho, quando chegam à fase adulta e, aí sim, precisam trabalhar, encontram dificuldades, justamente por não terem uma boa escolaridade. 

Outro fato é que, assim como diz a médica pediátrica do Hospital de Urgência de Sergipe, HUSE, Edda Machado, em suas palestras sobre o enfrentamento do trabalho infantil, o aspecto psíquico desses jovens pode ser muito afetado e ainda mais o aspecto física, pois como estão na fase mais importante de desenvolvimento corporal e começam a trabalhar de forma inadequada, pegando pesos exagerados, incondizentes com o que suportam, provavelmente, já terão problemas de saúde e poderão ter comprometimentos que irão atrapalhá-los na fase adulta. 

Além do mais, segundo a constituição vigente no país, a idade mínima para trabalhar é de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, que vai de 14 a 16 anos, mas, com carga horária menor estipulada, com supervisão e desde que não atrapalhe os estudos. Há ainda restrições para trabalhos que prejudicam a saúde para os menores de 18 anos. Bem diferente do que é visto: jovens de todas as idades, em todos os tipos de trabalhos, com hora certa para começar a trabalhar, mas sem hora certa para terminar. 

Recentemente, assisti a uma reportagem sobre crianças e adolescentes da nossa região que participam de projetos sociais, justamente voltados para erradicação do trabalho infantil e inclusão do jovem na sociedade de forma digna. Realmente, não podemos negar que algumas políticas públicas estão sendo realizadas com essa intenção, porém parece haver grandes dificuldades, pois não há o resultado esperado e ainda vemos o trabalho infantil com muita frequência. 

Certamente, não são as políticas públicas que devam ser mudadas, e sim a forma como são executadas. É preciso que haja uma maior tentativa de conscientização da população, uma maior visibilidade dessas ações e mais informações a respeito, tais como: para quem são voltadas e, principalmente, como funcionam. É necessário que esses ambientes tenham boas estruturas e que ofereçam boas condições de trabalho, para que os jovens sejam atendidos da melhor forma possível. As atividades realizadas devem ser atrativas, isso vale não só para os projetos, mas também para as escolas, a fim de que eles sintam interesse em participar e aprender. E é muito importante dar apoio não somente aos jovens, mas também às famílias, já que muitos estão nessas condições por falta de estrutura familiar. 

Enfim, diante de tudo isso, reafirmo ser contra o fato de esses jovens trabalharem, é preciso que seus direitos sejam respeitados, para que cresçam e se tornem adultos bem estruturados e que também respeitam os direitos das próximas gerações.

Maria Amanda Pedral dos Santos - 2º D

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terça-feira, 28 de julho de 2015

DISCUTINDO OS PROBLEMAS DA ESCOLA








Dessa vez, o ponto de partida para a reflexão multidisciplinar promovida pelo projeto Cine Cult Manoel foi a realidade das escolas brasileiras. Na noite dessa segunda-feira, 27, os professores Janderson Paixão, Luciano Oliveira e Cristina Oliveira, que ministram, respectivamente, as disciplinas Educação Física, Geografia e Língua Espanhola no Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa (CEMMF), em Nossa Senhora da Glória - SE, conduziram com habilidade um debate com os alunos de todas as turmas do turno noturno sobre os problemas enfrentados pelas escolas no Brasil.
A discussão, que mais uma vez contou com a participação efetiva e pertinente de diversos alunos, teve como estopim o documentário Pro Dia Nascer Feliz, do premiado diretor João Jardim, o mesmo que estreou em 2002 com “Janela da alma” e co-dirigiu “Lixo extraordinário”, com o qual foi indicado ao Oscar em 2011.
Em Pro Dia Nascer Feliz João faz um retrato da educação brasileira, ou melhor, uma radiografia, que revela o colapso do nosso sistema educacional e os sérios problemas que as escolas públicas enfrentam. A partir de depoimentos de alunos, pais e professores em três cidades brasileiras – Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo – o documentário faz um panorama da desigualdade por meio do contraste entre escolas desestruturadas com professores desmotivados e escolas com estruturas modernas e melhores condições de trabalho. João Jardim esboça assim um perfil dos jovens de 13 a 17 anos, com seus sonhos e frustrações, diante de uma realidade social que, para uns, limita completamente, enquanto para outros expande horizontes e possibilidades. Pro Dia Nascer Feliz evidencia como a desigualdade social, a pobreza e a violência, quando aliadas à má administração dos recursos públicos destinados à escola, podem destruir as expectativas de inúmeros estudantes brasileiros.
A partir do documentário, os alunos expuseram os problemas enfrentados por eles no Colégio Manoel Messias Feitosa e se identificaram com a realidade do filme a que assistiram. Um deles ressaltou o problema do transporte escolar, que, muitas vezes, é o que motiva a ausência de alunos residentes na zona rural; enfatizou ainda a precariedade da estrutura da escola, cuja reforma inacabada vem se arrastando há vários anos, falou até do desinteresse dos próprios alunos e das faltas de alguns professores.
O clima de reflexão permitiu aos professores a abordagem de alguns temas transversais relevantes como a segregação, discutida pelo professor Luciano Oliveira, a motivação, ressaltada pela professora Cristina Oliveira, e a importância de se realizarem atividades diferenciadas na escola, discutida pelo Professor Janderson Paixão. A propósito disso, tomei a palavra para chamar a atenção para a importância das práticas de letramento literário e de atividades culturais que possibilitem novos olhares e despertem o senso crítico dos alunos, abrindo outras perspectivas para sua realidade.
Finalmente, para encerrar as atividades da noite, em clima de Enem, os professores solicitaram que os alunos produzissem uma dissertação sobre os problemas da realidade educacional brasileira, ressaltados no documentário, e apontassem possibilidades de solução.
O projeto Cine Cult Manoel, que propõe o uso do cinema como recurso pedagógico para uma abordagem mais ampla dos temas transversais, vem mostrando resultados positivos e  está se revelando uma boa alternativa para potencializar as possibilidades de aprendizagem, reflexão, lazer e enriquecimento cultural do nosso aluno.

Jorge Henrique Vieira Santos

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sexta-feira, 15 de maio de 2015

DISCUTINDO RACISMO, ÉTICA E LIBERDADE


Dando continuidade à exitosa experiência multidisciplinar do projeto Cine Cult Manoel, na noite dessa sexta-feira, 15, os professores Wagner Cruz, Fabrízio Varjão e Darciane Andrade, que ministram, respectivamente, as disciplinas Sociologia, Filosofia e Língua Portuguesa no Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa (CEMMF), em Nossa Senhora da Glória - SE, conduziram com competência e propriedade uma profícua discussão acerca de racismo, identidade/alteridade, ética e liberdade com os alunos de todas as turmas do turno noturno da referida escola.

O debate, que contou com a participação efetiva e pertinente de diversos alunos, foi desencadeado após todos assistirem ao filme 12 Anos de Escravidão, do diretor Steve McQueen. Esse longa, que na 86ª edição do Oscar, em 2014, recebeu os prêmios de melhor filme, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado, baseia-se no drama real vivido por Solomon Northup, um cavalheiro negro livre e letrado de Nova Iorque que foi sequestrado e vendido como escravo em 1841, anos antes da abolição da escravidão nos EUA.

O filme permitiu aos professores uma abordagem dinâmica e abrangente de temas transversais relevantes como o etnocentrismo, discutido pelo professor Wagner Cruz, que enfatizou para os alunos a necessidade de nos colocarmos no lugar do outro, a fim de que possamos combater essa tendência humana de menosprezar sociedades ou povos de cultura ou aspecto diverso do nosso. O professor destacou ainda que posturas de intolerância à diversidade foram responsáveis pelos grandes crimes que a humanidade cometeu, a exemplo da escravidão do povo negro e do Holocausto. Contribuindo para a discussão, alguns alunos, em seus depoimentos, ratificaram que convivem diariamente com manifestações de intolerância na escola e na sociedade e que o filme, a partir de suas cenas impactantes, provoca uma reflexão necessária sobre o modo como agimos e o modo com devemos agir em relação ao outro.

Dando continuidade ao debate e lançando o olhar sobre a questão da ética, o professor Fabrízio Varjão abordou a moral que justificava a escravidão, enfatizando uma fala do personagem Bass (vivido por Brad Pitt), um construtor canadense de ideais abolicionistas que, vindo trabalhar na fazenda em que Solomon vivia como escravo termina por auxiliá-lo a escapar. Esse personagem questiona as bases do direito que os indivíduos de cor branca tinham sobre a vida dos que lhes eram diferentes e chama a atenção para valores que são universais, como a igualdade entre os seres. O professor Fabrízio ainda discutiu com os alunos a questão da liberdade na sociedade capitalista moderna, em que a ação do indivíduo está condicionada ao seu status e sua capacidade de ser efetivamente livre é cerceada por essa contingência.

Finalmente, fazendo um paralelo entre a época em que a história do filme aconteceu e a produção literária engajada do Romantismo da 3ª Geração, a professora Darciane Andrade discorreu sobre a obra do poeta Castro Alves e sobre o Condoreirismo. Declamou ainda para os alunos um dos poemas abolicionistas desse grande poeta, fechando de forma brilhante mais uma edição do projeto Cine Cult Manoel.

Esse projeto, que propõe o uso do cinema como recurso pedagógico para uma abordagem mais ampla dos temas transversais, vem mostrando resultados positivos. Ainda estamos na segunda edição, mas, a julgar pela forma entusiasmada como vem sendo desenvolvido pelos professores e acolhido pelos alunos, está se revelando uma boa alternativa para potencializar as possibilidades de aprendizagem, reflexão, lazer e enriquecimento cultural do aluno e tornar o período noturno mais atraente, contribuindo para reduzir a evasão escolar característica desse turno.

Jorge Henrique Vieira Santos

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sábado, 28 de março de 2015

CINEMA NA ESCOLA - OUTRAS FORMAS DE ENSINAR

Na noite desta sexta-feira, 27, no Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa (CEMMF), em Nossa Senhora da Glória - SE, foi realizada com sucesso uma aula diferente. Os alunos de todas as turmas do turno noturno (1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio) foram reunidos no pátio da escola para assistirem a uma aula ministrada, concomitantemente, por três professores de áreas distintas: José Adeilson, Matheus Ribeiro e Jorge Henrique, que ministram, respectivamente, as disciplinas História, Geografia e Língua Portuguesa. Foi a primeira experiência multidisciplinar do projeto “Cine Cult Manoel”.

Este projeto propõe o uso do cinema como recurso pedagógico para uma abordagem mais ampla dos temas transversais, de forma a potencializar as possibilidades de aprendizagem, reflexão, lazer e enriquecimento cultural do aluno. Além disso, visa atuar como alternativa para tornar o período noturno mais atraente, contribuindo assim para a redução da evasão escolar característica desse turno.

Nesta primeira experiência, os alunos assistiram ao filme “Escritores da Liberdade”, um drama de 123 minutos baseado no livro publicado em 1999, nos EUA, escrito a partir dos diários de classe dos alunos da classe 203 do Programa de Integração do Colégio Woodrow Wilson, em Long Beach, Califórnia.

O filme permitiu aos professores a abordagem dinâmica e abrangente de várias questões transversais, tais como: o preconceito racial, a intolerância, a injustiça social, a desmotivação e a falta de respeito ao próximo. Cada professor contribuiu para a discussão do filme a partir do horizonte teórico de sua disciplina. Professor Adeilson Santos abordou o segregacionismo e a intolerância a partir do evento do Holocausto evocado no enredo da trama por uma prática de bullying em sala de aula. Professor Matheus Ribeiro discutiu conceitos de território, espaço, relações de poder e identidade, a partir do cenário de conflitos entre as gangues rivais de alunos e a partir do método pedagógico desenvolvido pela professora Erin Gruwell, que é interpretada pela atriz Hillary Swank. Por fim, o professor Jorge Henrique discutiu o papel pedagógico da Literatura como ferramenta libertadora, propiciadora da construção de novos saberes, de novas perspectivas de mundo e da própria reconfiguração da identidade do sujeito.

Os alunos e outros professores se sentiram motivados a participar da discussão ativamente. Muitos apresentaram suas observações acerca de aspectos do filme que lhes despertaram o interesse e enriqueceram o debate. A noite se tornou curta para tantas intervenções. As discussões, no entanto, não se encerraram nesta sexta-feira, cada professor envolvido desenvolverá com seus alunos atividades nas próximas aulas, a fim de consolidar os conhecimentos associados a cada área de atuação.

O projeto, que iniciou de forma positiva, realizará uma sessão de cinema como esta, envolvendo professores de diversas disciplinas, na última semana de cada mês até o final do ano letivo. Até lá, o projeto deverá ser motivo de reflexão, debate e avaliação nos encontros pedagógicos, a fim de que se possa identificar-lhe as falhas e a eficácia ou não de seus resultados, de modo que possa ser reformulado e mantido permanentemente como atividade pedagógica da escola.


Jorge Henrique Vieira Santos 

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